O belo e árduo trabalho das encenações da Semana Santa
Autora: Maria Luísa Couto.
Originalmente publicado no Jornal Partilhando em Abril/2006 - edição 13
Independente da idade que cada um de nós tenha, com certeza temos em comum algo que marcou muito a nossa infância: as procissões da Semana Santa. Embora adultos, ficamos ainda comovidos com a marcha fúnebre da banda. Mas se voltarmos lá naquele tempo em que alguém precisava nos erguer para vermos de perto a passagem do cortejo, aí sim, era tudo muito impressionante!
Quem não se lembra de dois personagens marcantes na procissão de Sexta-Feira, o Adão e a Eva, que cravavam sua enxada no paralelepípedo e aquilo retinia quase que dentro da gente? O tempo foi passando, algumas mudanças aconteceram, mas a tradição permaneceu.
Há entre nós pessoas de coração generoso, que se desdobram para fazerem mais vivas as emoções da Semana Santa e não deixam morrer nunca a tradição destas encenações.
Conversamos com Eugênia e Otaviano, o Nana, e ouvimos deles o relato de uma missão que é, sem dúvida, trabalhosa, mas muito gratificante. Após o cansaço dos ensaios e das apresentações, fica sempre a sensação de missão cumprida.
As tarefas.
Eugênia e Nana são voluntários neste trabalho há mais de quinze anos. Começaram em épocas diferentes, mas formaram uma dupla cheia de entusiasmo. Aprenderam tudo sozinhos, acumulam todas as funções que uma montagem de teatro requer: eles são os patrocinadores, os produtores, os roteiristas, os cenógrafos, os sonoplastas, cuidam do figurino, convidam, ensaiam e se precisar cobrem a falta de um ou outro personagem.
Os personagens.
São aproximadamente 70 atores, pessoas simples, rostos conhecidos, que querem experimentar de perto o momento forte de nossa Salvação; são os artistas da festa, mas que auxiliam também na parte das montagens. Ele se caracterizam da melhor forma para que o público relembre as passagens bíblicas: Abraão leva Isaac com seu feixe de lenha, junto com eles segue Sara, para representarem as famílias.
Outras mulheres do Antigo Testamento são lembradas: A rainha Esther leva sua coroa nas mãos, ao lado de Judith. A Samaritana leva seu vaso de água, Marta leva as frutas, Maria Madalena leva suas jóias. Nossa Senhora está sempre acompanhada de João Batista e de Maria sua irmã e Maria mulher de Cleófas. As mulheres de Jerusalém acompanham o cortejo, os soldados romanos cumprem imponentes o seu papel. Nada é esquecido. José de Arimatéia e Nicodemos descem Jesus da Cruz. Barrabás, vivido por Sr. Domingos, sempre tem uma participação apreciada e todos se comovem com o canto da Verônica. Este canto maravilhoso é ensinado por Dona Sinhá, há décadas.
Eugênia e Nana reconhecem o esforço e a boa vontade de seus colaboradores, artistas amadores e totalmente leigos. Sabem que o mais importante é o amor à participação e a boa vontade de todos. Agradecem a Jésus, Neivânia e Iná por colaborarem com criatividade e beleza na ornamentação dos belos cenários, especialmente os da missa da Ressurreição. Agradecem ao povo que sabe reconhecer tão grande esforço. E por fim, deixam um apelo para a toda a comunidade, lembrando que é necessário uma reforma nos figurinos para o próximo ano. Eles ressaltam que qualquer ajuda é bem-vinda.
Nenhum comentário:
Postar um comentário