Dom Félix: “Sirvamos sem temor”
Entrevista a Elias Costa
Originalmente publicada em Partilhando em Dezembro/2005 - edição 9
Dom Antônio Carlos Félix, Bispo da Diocese de Luz, é natural de Caldas, um pequeno povoado perto de Poços de Caldas, no sul de Minas. Ele é o quarto bispo no histórico da diocese, eleito em 2003 para suceder D. Eurico. D. Félix esteve em nossa cidade em novembro para realizar a Crisma de cerca de 400 jovens. Em entrevista exclusiva, ele fala aos leitores do Jornal Partilhando sobre sua vocação e sobre o sacramento da Crisma.
Partilhando: Dom Félix, a Igreja é muito rica em símbolos. Qual a importância deles?
D. Félix: A Igreja possui muitos símbolos por acreditar no alcance e na capacidade que eles têm de atingir todas as pessoas. No caso da crisma, o que ocorre é a unção espiritual na alma do crismando. A crisma não é uma imposição de Deus e sim uma escolha aberta e consciente. Nascidos para a vida da graça pelo Batismo, é pela Crisma que recebemos a maturidade da vida espiritual. Somos fortalecidos pelo Divino Espírito Santo, que nos torna capazes de defender a nossa fé, de vencer as tentações, de procurar a santidade com todas as forças da alma. Os símbolos que representam essa mudança são o marco na fronte do crismando com o Sinal da Cruz e a unção com o óleo da oliveira.
Partilhando: Como o senhor se sente crismando tantos jovens?
D. Félix: Sinto-me muito alegre. A cada nova crisma a Igreja se enriquece e se fortalece. A crisma deve ser enxergada com uma sementinha que é plantada no coração de cada fiel, que então, passa a ter uma nova vida nos caminhos de Deus. O importante é que essa semente se fortaleça, cresça e frutifique, gerando uma vida plena de fé e de graça.
Partilhando: Qual é, em sua opinião, o ponto mais positivo na Igreja Católica hoje?
D. Félix: Acredito que seja a tomada de consciência, por parte da Igreja, da realidade das pessoas das mais variadas comunidades. Queremos tornar a Igreja cada vez mais acolhedora e solidária, dessa forma, buscamos despertar em cada comunidade o desejo de tornar Jesus Cristo mais conhecido e amado e que isso ajude no resgate da dignidade das pessoas. Compreender a atual realidade é um passo fundamental no processo de evangelização e humanização.
Partilhando: Qual é a importância da evangelização por meio dos novos meios de comunicação como a TV, o jornal e a internet?
D. Félix: A Igreja vê com muito agrado e bons olhos estas novas mídias, mas uma coisa deve ser levada em consideração: os objetivos e as formas como são usadas. A Igreja aprova seu uso desde que feito de forma correta, humana e ética, que busque, principalmente, o bem comum. Hoje, a Igreja Católica no Brasil conta com uma rede de 100 estações de rádio e uma cadeia de 12 canais de TV. Essa estrutura tem se mostrado importantíssima e temos nela uma grande aliada na processo de evangelização. Esperamos poder contar na Diocese de Luz, em breve, com um veículo que proporcione uma maior integração e evangelização das nossas comunidades.
Partilhando: Como tem sido seu trabalho na Diocese?
Dom Félix: Árduo, difícil, mas muito gratificante. Temos a benção de Deus em nossos dias e agradeço muito a ele por tudo que ele nos tem proporcionado. Em nossa Diocese, temos um tesouro muito especial: um povo muito acolhedor e fervoroso. É muito gratificante trabalhar dentro de uma diocese que conta com um ambiente de amor, dedicação e fervor. Isto nos revitaliza, fortalece e dá a confiança e perseverança necessária para evangelizar e trabalhar nos caminhos de Deus.
Partilhando: Todos os bispos têm um lema. Qual é o seu? A uma justificava para ele?
Dom Félix: Meu lema é: "Sirvamos sem temor". É uma passagem da Bíblia que me inspira muito (Lc 1. 74, 75). Ela vem convidar a todos a servir a Deus sem medos e sem inseguranças; a sermos presentes e atuantes nos caminhos de Deus.
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