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quinta-feira, 12 de julho de 2007

José: Deus tem um caminho para cada um de nós

Este texto é outro que publiquei em outro site. Também fala de José do Egito, como o post anterior.

Agora quero falar um pouco dos significados que a incrível história de José me sugere.

O primeiro deles, claro, é o mais óbvio, presente já na narrativa bíblica. É aquele que pode ser resumido num provérbio bem batido, mas verdadeiríssimo: Deus escreve certo por linhas tortas.

E que linhas tortas! É a tortuosidade da escravidão e da prisão. Odiado pelso irmãos, José torna-se escravo. Odiado pela pretendente frustrada, torna-se prisioneiro. Ele que amava sua família e seu povo, vê-se, durante longos anos, muito distante de ambos. Seu caminho, visto apenas sob esse prisma, é apenas de sofrimento. Mas seu sofrimento tem uma razão: José precisa estar no Egito para poder salvar sua família da fome. Não tivesse sido vendido como escravo, não teria oportunidade de mostrar seus talentos. Não tivesse sido atraiçoado por uma mulher desesperada como a esposa de Putifar, não teria ido para a prisão, e, conseqüentemente, não teria conhecido o copeiro do Faraó, que, anos mais tarde, o levaria à presença do rei para cumprir seus esplendorosos sonhos.

Cada dia de nossa vida, cada respiração nossa pertence a Deus. E nada pode ser maior garantia de liberdade do que isso. Deus nos deixa livres no mundo, mas tem planos para nós. Se aceitarmos cumprir esses planos, poderemos sofrer de início, mas a felicidade nos esperará. José poderia ter tentado fugir. Não o fez: aceitou seu caminho e o trilhou da melhor forma como podia. Usando outras figuras de linguagem, ele carregou sua cruz, bebeu do cálice até a última gota. E, sim, encontrou felicidade: tornou-se o homem mais poderoso da terra mais poderosa de então, constituiu sua própria família e reencontrou a sua. Às vezes Deus nos prova com duras esperas. A de José não sabemos ao certo, mas durou perto de vinte ano, talvez um pouco mais. No entanto, no final, seja nessa vida ou em outra, nos aguarda a felicidade.

Essa bela história nos traz outros ensinamentos. A história de José fala, o tempo todo, de inveja. Os irmãos se revoltam porque reconhecem em José virtudes que eles nem de longe têm. E são essas mesmas virtudes que cercam José de boa vontade o tempo todo. Todos o amam, exceto os irmãos, que talvez se sentissem censurados pelo simples comportamento correto dele. Rubem, o mais velho, perde o direito de primogenitura em razão da luxúria. Levi e Simeão também são afastados da linha sucessória de Jacó por causa de sua violência. Cada irmão tem um terrível pecado. Menos José. A virtude incomoda, todos sabemos.

Mas José é apenas um homem comum e também ele tem seus defeitos. Toda a sua história deixa transparecer seu elevado amor próprio, seu excesso de confiança. São esses desvios de caráter, que, ademais, não ferem ninguém, que o conduzem à ruína. Ingênuo, mergulhado nessa auto-confiança, ele se apresenta aos irmãos, distante do pai, trajando a invejada túnica de muitas cores. É com os mesmos sentimentos que ele lhes revela seus sonhos de grandeza. Sua sina faz um alerta para isso: não devemos nos ter em alta conta e nunca devemos brincar om o coração dos homens.

Há mais. A superproteção não é boa coisa. Nem o é o apego excessivo. Já houve quem dissesse que Deus tinha ciúmes do amor de Jacó por José e por isso os separou. Exagero, é claro. Mas ao superproteger José, Jacó o impediu de conhecer a maldade do mundo, e, assim, o tornou mais vulnerável a ela. O mesmo estava fazendo com Benjamin. Por maior amor que tenhamos a uma pessoa, devemos saber deixá-la partir - não importa o significado ocasional dessa palavra.

A história também nos fala do zelo da fé. Longe dos seus, José se viu sozinho num país estranho, com costumes, língua e religião bem diferentes dos seus. Mesmo ali, não se deixou subjugar. Não desistiu do Deus de seus pais e manteve-se fiel a Adonai. Passou pela dura provação de ser um escravo, de estar preso, de estar sozinho, de ser tentado na carne. Resistiu a todas as provações, não sem dificuldade, mas sempre com confiança. Sabia que o que é certo, é certo. Que Deus o acompanhava. Não era por estar numa terra diferente, onde outros costumes existiam, que ele devia adaptar sua consciência. José não relativizou suas crenças, e assim, pôde vencer todos os testes.

Sua história também é uma história de humildade. José, já disse, era para lá de auto-confiante. O amor exacerbado do pai e o tratamento diferenciado que sempre recebera o levaram a acreditar-se especial (o que, de fato, ele era; mas se é bom ser especial, nunca é recomendável saber disso). Deus, enfim, o exalta ao máximo que seria possível na hierarquia humana. Torna-o o administrador do Egito, diante do qual todos se curvavam excetuando o faraó. Mas Deus não o exaltou sem antes fazê-lo se curvar. José cai, humilhado e castigado pelos irmãos. Ele, que vivia como um príncipe no seio de sua família, torna-se um escravo desprezado. Ele que tinha tudo o que queria junto a Jacó, passa todo tipo de privações na prisão. Para chegar à luz, ele atravessa as trevas e aprende com isso. Deixa de lado seu orgulho, tempera sua confiança e a transforma em fé. Descobre o quanto ele próprio é fraco e entende que só Deus é infalível.

Por certo há mais significados que não abordei aqui. Cada um pode perceber novos, mesmo três, quatro mil anos depois que tudo isso aconteceu.

Leia também:
Os misteriosos caminhos de Deus
José: Deus guia nossos passos

Um comentário:

Maria João disse...

Na próxima sexta-feira, dia 20, realiza-se uma oração de TaiZé pelo Darfur , às 19h45m, na Igreja de S. Nicolau, na Baixa de Lisboa.

Participa e divulga! Se não puderes estar presente, reza na mesma.

bjs em Cristo
Maria João
Fé e Missão (Missionários Combonianos)

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