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segunda-feira, 26 de março de 2007

O sacramento do Perdão

Reproduzimos aqui um trecho de texto "Sobre Samurais e Sapos", publicado no site da Editora Quadrante (www.quadrante.com.br). O texto foi publicado originalmente pelo site www.arvo.net, em espanhol, e foi traduzido pela equipe da Quadrante.

O autor é o padre Fernando Acaso, sacerdote da Prelazia da Opus Dei residente no Japão desde 1959.

O SAPO

Por que há tantos católicos que não recorrem à Confissão? Uma primeira causa possível é um pecado mortal do passado escondido por vergonha.

Geralmente, dá muita vergonha – principalmente às moças – confessar um pecado contra a pureza pela primeira vez. Essa vergonha faz com que alguns e algumas adiem a confissão e, às vezes, se confessem calando um pecado mortal. Nos meus mais de cinqüenta anos de sacerdócio, vi como muitos penitentes admitiam ter feito uma confissão sacrílega no passado e ajudei-os a refazer a confissão depois de 20 ou 30 anos. Penso que esta é a causa de que muitos abandonem a prática do catolicismo.

Há umas palavras de São Josemaria Escrivá que podem ser uma grande ajuda para mais de uma pessoa:

– Se dentro de ti, meu filho, há um “sapo”, solta-o! Diz primeiro, como te aconselho sempre, o que não quererias que se soubesse. Depois que se soltou o “sapo” na Confissão, que bem se está! (Forja 193)


NÃO TENHO DOR

Num romance de Bruce Marshal, um pároco de Liverpool vai a um bordel confessar um marinheiro irlandês que está morrendo. O médico deu-lhe poucas horas de vida. O jovem irlandês, prostrado na cama, diz ao sacerdote com dificuldade:

– Padre, não me confesso desde que era criança. Não tenho casa nem conheci os meus pais. Quando o meu navio atraca em algum porto, procuro logo uma casa como esta. Estas mulheres são as únicas pessoas que me trataram com amabilidade. Agora que vou morrer, estou-lhes muito agradecido e não tenho dor por esses pecados. O que fazer para poder confessar-me?

O sacerdote fica muito preocupado porque, sem dor dos pecados, não o pode absolver. Por fim, tem uma idéia feliz.

– Você gostaria de ter dor pelos seus pecados?

— Sim, claro!

O sacerdote suspira aliviado, põe a estola e diz-lhe:

— “Eu te absolvo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo...”

Há quem diga que não se confessa porque não tem dor dos seus pecados. Com certeza, a dor é o fator mais importante para o perdão dos pecados. Mas não se trata de algo como uma dor de dentes. Acontece que há muita gente que não sabe distinguir o sentimento de dor da vontade de não voltar a pecar.

A verdadeira prova da dor é a decisão de evitar a próxima ocasião de pecado. Mas é preciso distinguir entre ocasião próxima e ocasião remota. Freqüentemente, não podemos evitar as ocasiões remotas, pois não as podemos prever; teríamos que deixar de ler o jornal, de sair na rua, etc; e ainda assim não seria possível. Já a ocasião próxima pode e deve ser evitada. Se determinados lugares, pessoas, programas de TV ou páginas da Internet costumam levar-nos a pecar, seria uma hipocrisia confessar-se sem antes deixar de freqüentá-los. Portanto, basta a disposição de afastar as ocasiões próximas para se fazer uma boa confissão. Além disso, a coragem de dizer os pecados ao confessor sem desculpas ou dissimulações também é uma grande prova de dor no coração.


NÃO TENHO PECADOS

Muitos também dizem que não se confessam porque não têm pecados. Eu confesso-me com muita freqüência e devo admitir que às vezes me é difícil encontrar pecados. Há muitos anos, disse isso ao meu confessor, e ele respondeu-me que isso acontecia porque eu não conhecia bem Jesus Cristo. Fiquei surpreso; esperava que me dissesse que não me conhecia bem a mim mesmo.

Na juventude, quando queria sair à rua bem-posto, olhava-me muitas vezes no espelho para que não ficasse caspa na lapela e para que o nó da gravata estivesse bem centrado. Mas quando ia despedir-me da minha mãe, ela sempre encontrava algo que melhorar: um fiozinho aqui, uma mancha ali... Por que reparava tanto nessas coisas? Porque me amava muito.

Jesus Cristo ama-nos muito – também com um coração humano – e dói-lhe que nos enfiemos na cama sem dizer-lhe nada ou que nos levantemos como um cachorrinho, sem fazer sequer o sinal da cruz. Ensinaram-me a fazer três perguntas antes de preparar-me para dormir: o que fiz de bom hoje? O que fiz de errado hoje? O que posso fazer melhor amanhã? Quem se enfrenta a si mesmo dessa maneira certamente encontrará pecados.


EU ME CONFESSO COM DEUS

Quando animo as pessoas a confessar-se, algumas dizem que se confessam com Deus, que isso de confessar-se com um padre é invenção da Igreja. Mas se consigo que me expliquem o seu caso detalhadamente, quase sempre percebo que se trata de uma falta de sinceridade no passado ou de uma falta de valentia para afastar a tentação.

Um último conselho ao leitor destas linhas: não se confessar com o primeiro padre que apareça. Ajuda muito confessar-se sempre com o mesmo sacerdote, um sacerdote que nos conheça bem e que, por isso, nos pode ajudar melhor.

Põe a descoberto o teu coração, por inteiro – podre, se estiver podre! –, com sinceridade, com ânsias de curar-te; senão, essa podridão não desaparecerá nunca.

Se recorres a uma pessoa que só pode limpar a ferida superficialmente..., és um covarde, porque no fundo vais ocultar a verdade, com prejuízo para ti próprio. (São Josemaria, Forja 128)

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